segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Nas urnas, o continuísmo foi o grande vencedor e a CRISE brasileira

1. Nas urnas, o continuísmo foi o grande vencedor

O destaque destas eleições municipais não foi um candidato específico, embora tenha havido “fenômenos” de votos, como Beto Richa (PSDB), em Curitiba, reeleito com 77,2%. Foi, sim, o continuísmo. Em sua submanchete, a Folha (para assinantes) informa que, dos 20 prefeitos de capitais candidatos à reeleição, 12 venceram no primeiro turno e os outros oito foram para a segunda fase da disputa. Ninguém ficou no meio do caminho. O uso da máquina administrativa e o fortalecimento do caixa das prefeituras em relação a 2004 são apontados pelo jornal como possíveis causas dessa supremacia. No mês passado, a revista ÉPOCA já havia afirmado que o bom momento da economia em âmbito nacional deveria se refletir no ânimo dos eleitores nos municípios, pela lógica de não mexer no time que está ganhando.
2. Kassab, a maior surpresa das eleições
No começo da disputa pela Prefeitura de São Paulo, comentou-se, até mesmo aqui neste espaço, que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) não conseguia avançar nas pesquisas e parecia fadado a um amargo terceiro lugar. Pois ele virou o jogo, deixou Geraldo Alckmin (PSDB) para trás e ainda passou Marta Suplicy (PT) no primeiro turno. Segundo o Estadão (para assinantes), a aliança com os tucanos no segundo turno deverá ser acertada ainda nesta segunda-feira, sob o comando do governador José Serra, que não escondeu sua simpatia por Kassab na capital. Ou seja, tudo está a favor de uma vitória de Kassab no segundo turno, desbancando a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

3. O fim da era César Maia no Rio de Janeiro
A eleição do Rio de Janeiro também trouxe algumas surpresas. A primeira é que o candidato Marcelo Crivella (PRB), que chegou a liderar a disputa, não conseguiu nem ir para o segundo turno, ficando atrás de Eduardo Paes (PMDB) e Fernando Gabeira (PV). Outro fato, talvez mais relevante, é que a candidata Solange Amaral, apoiada pelo prefeito Cesar Maia (DEM), ficou em um constrangedor sexto lugar, com menos de 4% dos votos. O desempenho “marca o fim de uma era na cidade”, como diz o Globo. “Após 16 anos dando as cartas no cenário político carioca, o prefeito Cesar Maia (DEM) sofreu sua primeira derrota na disputa pelo executivo municipal”. Diante de seu atual mandato pouco atuante, é possível que ele não vá deixar muitas saudades.

4. Em BH, Aécio não fez a festa esperada
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), mostrou que tem força para alavancar a candidatura de um então desconhecido (Márcio Lacerda), mas não consegue fazer tudo sozinho, como as urnas mostraram ontem. O rival do PMDB, Leonardo Quintão, ficou a apenas dois pontos porcentuais de Lacerda (43% a 41%) e embolou uma disputa que era tida como ganha pelos partidários de Aécio. Não será tão fácil assim. O Estado de Minas (para assinantes) diz que, no segundo turno, Lacerda deve reforçar que é o único representante de Aécio e do atual prefeito, o petista Fernando Pimentel. Será o suficiente? Agora, ele e Quintão vão ter de se esforçar para conquistar os votos dos eleitores de Jô Moraes (PC do B), terceira colocada.

5. Neto fica sem vaga na disputa pelo espólio de ACM
Pela terceira vez consecutiva, o “carlismo” saiu das urnas derrotado na Bahia. O deputado federal ACM Neto (DEM) não conseguiu reunir em torno de sua candidatura as forças que fizeram de seu avô uma figura lendária na Bahia e acabou em terceiro lugar na disputa de Salvador. O atual prefeito, João Henrique (PMDB), teve 30,97% dos votos, seguido de perto pelo deputado Walter Pinheiro (PT), com 30,06%. ACM Neto, com 26,68%, não se sentiu derrotado, segundo o A Tarde. Disse que seu grupo saiu fortalecido, já que há alguns meses muitos avaliavam que o DEM não teria candidato na capital. A avaliação do deputado está correta, mas o peso da derrota vai continuar sendo sentido pelo órfãos de ACM, que seguirão longe do poder onde nasceu e cresceu o fenômeno do “carlismo”.

6. Bolsas de todo o mundo desabam com medo de depressão
O temor de que a crise financeira se torne uma depressão econômica em escala global está fazendo os mercados viverem uma “segunda-feira de derretimento”, afirma o Guardian. Hoje ficou claro que o medo virou pânico, com o Dow Jones perdendo 300 pontos e as principais bolsas da Europa caindo mais de 5%. Como mostra o G1, a Bovespa sofre ainda mais, com queda acentuada mesmo depois de acionar o circuit breaker. Depois do pacote anticrise nos EUA, que parece não ter adiantado nada, o mundo fica na expectativa de uma ação orquestrada entre os principais governos do mundo. E onde estão as melhores condições para isso – na União Européia – os principais líderes continuam batendo cabeça. A crise vai longe.
Fonte: O Filtro
...E para não dizer que não falamos na Crise que não vai chegar ao Brasil (tsc tsc tsc), circuit breaker volta a ser acionado
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltou a operar às 12h44m, ainda em queda, depois de ter interrompido o pregão por duas vezes no dia. A partir de agora a Bovespa só interomperá o pregão novamente se chegar a cair 20% no dia. A crise de confiança no sistema financeiro internacional e queda do preço das matérias-primas derrubam a o preço das ações brasileiras nesta segunda-feira.

Às 11h46m a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acionou pela segunda vez no dia o circuit breaker - mecanismo de parada das operações da bolsa quando o índice atinge mais de 10% de queda. Apenas 18 minutos após a abertura do pregão de hoje, o Ibovespa caiu mais de 10% e as operações pararam, aos 40.025 pontos ( acompanhe a variação do Ibovespa ), voltando a operar às 10h56m, ainda em queda, até ficar abaixo dos 39 mil pontos e apresentar baixa de mais de 15% e paralizar pela segunda vez as operações. A última vez que o Ibovespa sofreu duas paralizações em um único dia foi em 10 de setembro de 1998, no auge da crise da Rússia. O dólar abriu o dia em alta maior de 5%, acima de R$ 2,16 ( veja a cotação do dólar em tempo real ). A previsão é de retorno das operações dentro de uma hora. Caso aconteça uma terceira paralização a bolsa interrompe os negócios definitivamente no dia. A Bovespa enfrenta uma segunda-feira pessimista, afetada pela desconfiança que domina os mercados internacionais. Os principais índices da Bolsa de Nova York abriram em forte queda no dia e operavam em baixa maior de 4%.

O preço das matérias-primas cai nas bolsas de mercadorias internacionais e empurra a cotação das principais ações negociadas no Ibovespa. No início da manhã nenhum papel listado no índice operava em alta. As bolsas mundiais também têm uma segunda-feira ruim diante da contaminação da crise financeira americana na Europa e da percepção de que o pacote de socorro ao sistema financeiro aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos não será suficiente para impedir a desaceleração - ou mesmo recessão - econômica mundial.

Às 10h55m (horário de Brasília), as bolsas européias continuavam registrando fortes quedas. O petróleo do tipo Brent tinha desvalorização de 2,83%, a US$ 87,70. O petróleo tipo WTI era negociado em Nova York a US$ 90,43, em queda de 3,67%.

As bolsas asiáticas fecharam com fortes baixas e as européias seguem a mesma tendência. Embora governos na Europa tenham anunciado medidas para resgatar bancos ontem, os líderes europeus reunidos no fim de semana não conseguiram produzir um consenso sobre como reagir coordenadamente à crise que atinge fortemente o setor financeiro europeu e hoje derruba ações no velho continente. Os índices futuros da Bolsa de Nova York já apresentavam queda antes da abertura dos mercados em Wall Street.

Governos na Europa tentavam desesperadamente salvar bancos do colapso, ontem, enquanto crescia o medo na população. As televisões mostraram alguns clientes na Bélgica visivelmente aliviados quando conseguiram sacar dinheiro de uma máquina eletrônica do banco Fortis. Já era perto da meia-noite na Bélgica quando o governo anunciou que o francês BNP Paribas adquiriu 75% do braço belga do Fortis pagando em ações US$ 11,4 bilhões.

Para prevenir uma corrida aos bancos, a Alemanha passou a garantir os depósitos de pessoas físicas - medida antes adotada por Irlanda e Grécia e criticada pelo governo alemão. Isso não bastou para o Hypo Real Estate (HRE), que precisou de injeção adicional de US$ 20,8 bilhões, articulada pelo governo e bancos, totalizando US$ 68 bilhões em ajuda.

O segundo maior banco italiano, UniCredit, que vem tentando vender ativos, anunciou que fará emissão de US$ 4,2 bilhões em ações.
No primeiro pregão após a aprovação do resgate financeiro nos EUA, os mercados asiáticos amargaram grandes perdas.

A Bolsa de Tóquio fechou em baixa de 4,25%. O índice Nikkei perdeu 465,05 pontos e encerrou o pregão com 10.473,09 unidades. É a primeira vez que o Nikkei fecha abaixo dos 10.500 pontos desde maio de 2004.

A Bolsa de Seul terminou o pregão de 4,29%. O índice Kospi caiu em seu nível mais baixo em um ano e meio.
Após quase uma semana de fechamento por causa de um longo feriado, a Bolsa de Xangai fechou em queda de 5,23%. A Bolsa de Hong Kong registrou baixa de 4,97%, enquanto Taiwan recuou 4,25%. A bolsa de Jacarta apresentou a maior queda: 10,03%.
Fonte: O Globo, com agências internacionais

Queda de hoje é diferente das outras

A queda de hoje é diferente da que vimos nos últimos dias. É uma crise brasileira também. E isso porque está faltando dólar para as empresas exportadoras. Não há moeda estrangeira para entrar no país no curto prazo.
Antes do agravamento da crise, as empresas brasileiras antecipavam o recebimento do câmbio de uma operação que só seria feita de três a seis meses na frente. Como agora não há liquidez nos mercados, o que está acontecendo é que as empresas não estão mais conseguindo captar esse dinheiro. Essa é uma parte do problema.
Além disso, muitas empresas fizeram operações acreditando na valorização do real, contra o dólar, e foram surpreendidas com essa queda forte e rápida do real.
O que aconteceu então foi o contrário do que disse o presidente no final de semana. Está na hora do governo parar de dizer que é uma "marola" o que estamos vendo.
Temos duas opções para explicar o comportamento do presidente: ou ele não quer falar da profundidade da crise para não passar pânico às pessoas, ou ele está sendo desinformado pela sua equipe.
O presidente precisa sim passar uma sensação de segurança e confiança, mas isso não significa que ele pode subestimar a gravidade da situação.
Fonte: Mirian Leitão para CBN