por Juliano Machado
1. Dólar alto preocupa BC – e agrada à Vale
1. Dólar alto preocupa BC – e agrada à Vale
O Banco Central está realmente decidido a impedir uma disparada do dólar ante o real. O governo anunciou ontem que a instituição terá mais US$ 50 bilhões para injetar no mercado e conter a alta, o que levou a uma queda da moeda americana, no fim do dia, de 3,15%, para R$ 2,305. Segundo o Globo (para assinantes), “no governo, teme-se que o país já tenha se tornado alvo de um ataque especulativo”. Quem não anda nada preocupada é a mineradora Vale. Com 95% de suas vendas atreladas ao dólar, a companhia registrou um lucro recorde de R$ 12,4 bilhões no terceiro trimestre do ano, 167% acima do obtido no mesmo período de 2007, informa a Gazeta Mercantil.
2. Crise deve minar projetos de novos prefeitos
Os novos prefeitos que foram (ou ainda serão) eleitos neste mês e começam a administrar em 2009 podem tratar de rever os projetos ambiciosos que prometeram durante a campanha. O Valor Econômico (para assinantes) diz que a turbulência financeira não foi levada em conta pela maioria dos candidatos. “Em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, os postulantes prometem grandes realizações, desconsiderando os impactos que a crise terá em suas receitas e nas dos governos estaduais e federal.” Obras como a Linha Amarela do Metrô paulistano, por exemplo, devem ter menos recursos em 2009. Um especialista ouvido pelo Valor diz que as cidades vão começar a sentir o aperto nos repasses da União, via Fundo de Participação dos Municípios.
3. A mea-culpa de Greenspan: “Não tinha mandato para furar bolhas”
Em uma sessão tensa no Congresso americano, o economista Alan Greenspan, presidente do Fed (banco central dos EUA) por 18 anos, até 2006, disse ter ficado “chocado” com a crise e admitiu que cometeu “alguns erros” na questão de fiscalização dos mercados, especialmente o imobiliário, mas de certa forma rebateu as acusações dos parlamentares sobre uma suposta negligência em relação ao início da gestação da crise atual. Afirmou que nenhum mecanismo regulador seria capaz de prever este “tsunami financeiro”, como relata o The Wall Street Journal. “Eu não tinha mandato para furar bolhas”, disse Greenspan, sobre sua possibilidade restrita de ação sobre o boom imobiliário, justamente o nascedouro da grande turbulência observada agora.
4. Kassab diz que Marta “perdeu o eixo”, mas deu uma escorregada
Em entrevista ontem à Rádio Eldorado, reproduzida no Estadão, o candidato à prefeitura de São Paulo Gilberto Kassab (DEM) afirmou que sua rival, Marta Suplicy (PT), perdeu “o eixo da campanha”. Faz sentido, principalmente por conta do desastroso questionamento petista sobre a vida pessoal do democrata (o famigerado “É casado? Tem filhos?”). Mas Kassab não pode achar que a disputa está ganha e relaxar, cometendo deslizes aqui e ali. Um deles foi usar, no material de campanha, a cerimônia em que deu um “checão” simbólico de R$ 198 milhões ao governador José Serra (PSDB) para as obras do metrô. É uma bobagem perto das trapalhadas de Marta, mas não deixa de ser um escorregão, punido pela Justiça Eleitoral com multa de R$ 5,3 mil. No último debate, hoje à noite na TV Globo, Kassab precisa tomar cuidado para não pôr sua larga vantagem em risco.
5. No Rio, debate tem cara de decisão
Se em São Paulo o encontro entre os dois candidatos na TV pode não mudar muita coisa, no Rio de Janeiro está sendo encarado como uma decisão, diz o Globo. Tudo porque os dois candidatos, Fernando Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB), estão tecnicamente empatados desde o início do segundo turno e, mais importante, cerca de 15% dos eleitores afirmam que sua escolha ainda não é definitiva, segundo o Ibope. É um porcentual alto para uma disputa tão acirrada. Essa massa de eleitores deverá ser bastante influenciada pelo que vão dizer Gabeira e Paes hoje à noite.
6. Quintão: azarão, favorito e azarão
A trajetória do candidato à prefeitura de Belo Horizonte Leonardo Quintão (PMDB) é uma perfeita montanha-russa. No começo da campanha, ele era um desconhecido completo e não chegava nem perto, nas pesquisas, do insosso Márcio Lacerda (PSB), que tem o apoio do tucano Aécio Neves. Esperava-se vitória em primeiro turno. De repente, Quintão surpreendeu na véspera da votação e chegou apenas dois pontos porcentuais atrás de Lacerda. Nas primeiras pesquisas do segundo turno, abriu 18 pontos de frente. Todo mundo dava como certa a derrocada de Lacerda e uma derrota política de Aécio, mas foi Quintão quem desceu a ladeira. Agora, Lacerda vence com nove pontos de vantagem e aparentemente vai ganhar a disputa. Aparentemente, diga-se. “O eleitorado de Belo Horizonte não tem se mostrado muito fiel ao seu candidato”, diz ao Estado de Minas o cientista político Adriano Cerqueira. Quintão que o diga.
7. O nepotismo acabou no Senado. Acabou?
”O Senado extirpou o problema do nepotismo. O assunto está encerrado.” Com pompa de herói, o presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN), garantiu que não há mais parentes empregados pelos parlamentares em seus gabinetes. Segundo o Correio Braziliense, foram 86 exonerações desde agosto, quando o STF proibiu a prática por meio de uma súmula. Só ontem, nove servidores perderam o emprego. O advogado-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, diz que “a ordem do STF foi aplicada em sua integralidade”, mas reconheceu que ainda não dá para pôr uma pedra sobre o assunto. Ou seja, novos casos, escondidos nos meandros de gabinetes, podem vir à tona. Se vierem mesmo, que sejam resolvidos o mais rápido possível.
8. Governo relaxa norma para crimes ambientais
Visto como linha-dura, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, teve de engolir o adiamento, em um ano, do prazo para que os produtores rurais registrem e se comprometam a preservar a área de reserva legal, onde é proibida qualquer atividade do agronegócio. O novo texto do decreto que define punições para crimes ambientais, ao qual a Folha (para assinantes) teve acesso, também reduziu de R$ 100 mil para apenas R$ 500 o valor máximo da multa diária que o proprietário terá de pagar caso descumpra as regras. Para Minc, as mudanças não representam um retrocesso no combate aos crimes ambientais, mas elas certamente deixaram aliviadas as entidades de produtores, que havia algum tempo vinham se queixando do estilo do ministro.
9. Tiro ou rojão? A PM hesita no caso de Santo André
A ação do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar paulista, já vinha sendo bastante questionada no caso do seqüestro de Santo André, que terminou com a morte da refém Eloá Pimentel. Agora, o depoimento do coronel Eduardo José Félix, comandante do Policiamento de Choque, que cuida do Gate, põe os policiais ainda mais na berlinda, como informa o Estadão. Ele admitiu, pela primeira vez, que pode não ter havido um tiro antes da invasão do apartamento, até então o principal argumento da polícia para justificar sua ação. “Se o tiro foi dentro ou fora ou se foi um barulho de rojão, o laudo técnico é que vai dizer”, disse Félix. Os peritos podem até vir a reforçar a defesa da PM de que houve um barulho que a motivou a entrar no apartamento, mas a hesitação do coronel só alimenta a polêmica.
10. McCain entende de América Latina, mas Obama leva
Uma pesquisa do Latinobarômetro publicada pela revista The Economist apontou que 29% dos latino-americanos acreditam que uma vitória de Barack Obama sobre John McCain seria melhor para seu país. Em contrapartida, apenas 8% acreditam que seria mais proveitosa a ida de McCain para a Casa Branca. Na análise de uma pesquisadora do Latinobarômetro, a vitória de Obama melhoraria um pouco a relação dos EUA com a América Latina, apesar de, como lembra a revista, McCain ser um defensor do livre-comércio e sempre citar o Brasil como um dos maiores aliados dos EUA. Ao que parece, a estratégia de Obama de ligar McCain à administração Bush dá certo até fora dos EUA. E sua imagem de político que representa mudanças importantes também se espalha pelo mundo, criando a expectativa de que, sob seu comando, a superpotência terá melhores relações com o resto do mundo.
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