quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Comentarista de blog

Circuit breaker é acionado pela 6ª vez este ano
SÃO PAULO, 22 de outubro de 2008 - Pela sexta vez este ano, o circuit breaker foi acionado. A BM&FBovespa fechou suas operações às 17h18. De acordo com a assessoria de imprensa da bolsa brasileira, as operações serão retomadas às 17h48 e o encerramento do pregão será prorrogado em 30 minutos, para 18h18. No momento do fechamento, o Ibovespa operava em queda de 10,03%, aos 36.127 pontos. A prática foi criada para amortecer e rebalancear as ordens de compra e venda quando o mercado tem movimentos bruscos, como a atual crise financeira dos Estados Unidos. Por meio dele, o pregão é suspenso por trinta minutos toda vez que a queda no índice da bolsa alcança 10% ou mais. Caso o Ibovespa de hoje caia 15% com relação ao de quinta-feira, o pregão fechará por uma hora. Sem contar as paralisações deste ano, o circuit breaker não era acionado desde 14 de janeiro de 1999, na véspera da adoção do câmbio livre no país. (Vanessa Correia - InvestNews)

Comentarista de blog
por Irineu Guarnier Filho

Comentarista de blog é um tipo curioso de leitor interativo. Surgiu com a internet, mas tem antecessores. Seus inspiradores são os antigos missivistas, aqueles que escreviam regularmente cartas às redações de jornais e revistas para comentar o conteúdo destas publicações. O comentarista de blog é tão relevante hoje que já tem até dia comemorado internacionalmente.

Blogueiro há cerca de um ano apenas, identifiquei três tipos mais freqüentes de "comentaristas de blog". A saber:

1) O INDIFERENTE, que lê um post aqui, outro ali, salta de um blog para outro como uma gazela, não concorda nem discorda do que lê, ou, se tem alguma opinião, guarda-a para si e muito raramente comenta o que leu. É uma espécie de comentarista bissexto. Tem mais o que fazer...

2) O AMIGÁVEL, que lê regularmente um blog com o qual se indentifica. Nem sempre concorda com o que leu, mas sempre envia comentários. Nada lhe escapa. Da vírgula fora de lugar à informação eventualmente trocada, tudo é pretexto para teclar. Geralmente são comentários elogiosos, de estímulo ao autor que vara madrugadas ao teclado e dá a cara para bater.

Às vezes, o comentarista amigável discorda do que lê. Mas o faz de modo civilizado, atacando os argumentos e não a pessoa do blogueiro. Escreve comentários inteligentes, bem fundamentados, que fazem o blogueiro refletir - e até mudar de idéia (nunca muda de idéia quem só tem uma). Seus comentários mercem ser lidos por todos os leitores do blog.

3) O RAIVOSO é o tipo mais manjado de comentarista de blog. Ele não conhece direito o blog nem seu autor, visitou-os uma vez que outra - mas já os detesta. É um caso de ódio à primeira vista. O comentarista raivoso procura na web um palanque (um caixotinho de maçã já lhe serve) para sair do seu medíocre anonimato. Às custas do blogueiro, claro. Ele geralmente escreve mal, ou porque a raiva o torna descuidado com a gramática, ou porque é iletrado mesmo.

O comentarista raivoso não ataca as idéias do autor, o texto em si, mas a idoneidade profissional e - no limite - a honra de quem escreveu o post. São comentários vazios, adjetivosos, destituídos de argumentação, recheados de um jargão político-ideológico que cheira a naftalina. Ele invariavelmente deblatera contra o capital, os EUA, a mídia, os neoliberais, blábláblá. E imagina uma conspiração contra sua ideologia caquética por trás de cada vírgula. Percebe-se em cada palavra sua o olho rútilo e a baba venenosa do fanático.

O comentarista raivoso critica a falta de "imparcialidade" do bologueiro - como se um blog não fosse um veículo de opinião. Exige, em nome da Democracia, que seus insultos purulentos sejam todos publicados - mas se esconde, covardemente, atrás de pseudônimos rídiculos e e-mails fakes. Nunca revela a cara. Este tipo, que se protege no anonimato da web para esculhambar blogs, até já tem nome: griefer.

O griefer pretende usar a área de comentários do blog para achincalhar pessoas e promover a si mesmo, seu sectarismo, racismo e outros ismos, em nome da "liberdade de expressão". É da turma que odeia a liberdade de imprensa, quando o jornalismo livre denuncia a corrupção de seus comparsas. Quer usar um espaço democrático para destilar seu horror à lei e à democracia? A lixeira é o melhor lugar para seus comentários
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Rapidinhas da Reina
por Juliano Machado
1. O aval de Lula para a estatização de bancos
Está na manchete do portal UOL, esta manhã, a notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou, por meio de uma Medida Provisória, os bancos públicos a adquirir ações em instituições financeiras sem passar por processo de licitação. Na prática, a MP permite que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil estatizem grupos privados que estejam em dificuldades, de bancos a empresas de capitalização e seguradoras. “O governo brasileiro aderiu de cabeça à saída de Gordon Brown – primeiro-ministro britânico – para a crise financeira global”, diz o texto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, devem dar detalhes da MP ainda nesta manhã.
2. Governo já cogita cortar Orçamento de 2009
Já passou o tempo em que Lula tratava os efeitos da crise financeira global no Brasil como uma “marolinha”. O Globo informa que, pela primeira vez desde o início da turbulência, ele cogita fazer cortes no Orçamento de 2009 caso haja necessidade. É mais um sinal de que o presidente tem consciência da dimensão do problema. Ontem, ele convocou uma reunião extraordinária dos países-membros do Mercosul para a próxima segunda-feira, em Brasília, com o objetivo de encontrar mecanismos que permitam atenuar os efeitos da crise dentro do bloco.
3. Crise faz Petrobras rever investimento no pré-sal
O pré-sal vinha sendo vendido pelo governo como um bálsamo para a população brasileira, capaz até de erradicar a pobreza entre 15 e 18 anos, como disse uma vez Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil. A crise econômica começa a dar um choque realista nessas previsões. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem à Folha (para assinantes) que “essa situação de agravamento das condições de financiamento vai afetar a discussão do pré-sal”. A estatal petrolífera deve alongar seu plano de investimentos, previsto entre 2009 e 2013, para perto de 2020. Como a exploração do pré-sal é um tipo de investimento com baixo retorno a curto prazo, não é difícil acreditar que o governo fará um replanejamento de seu otimista cronograma nessa área.
4. No aperto das contas, americanos deixam de comprar remédios
O The New York Times traz uma reportagem que mostra como as dificuldades financeiras nos Estados Unidos chegam ao dia-a-dia da população. Os americanos estão deixando de comprar remédios prescritos pela simples razão de não saberem se terão condições de continuar o tratamento até o fim. Uma pesquisa feita por uma consultoria da área de saúde mostrou que o número de medicamentos prescritos efetivamente adquiridos pelos pacientes caiu 0,7% de janeiro a agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2007, a primeira queda nesse indicador em pelo menos uma década. Ouvido pelo NYT, o diretor da Academia Americana de Médicos da Família, James King, resumiu bem a situação: “As pessoas estão escolhendo entre o gás, a alimentação e os medicamentos.” Pelo jeito, os tratamentos médicos terão de esperar a crise passar.
5. A investida de Marta entre os católicos
Depois da desastrosa estratégia de questionar a vida pessoal de seu rival, Gilberto Kassab (DEM), a petista Marta Suplicy tenta agora ganhar a confiança dos setores religiosos para chegar à Prefeitura de São Paulo. Com a articulação do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, um ex-seminarista, Marta obteve o apoio de padres vinculados a pastorais sociais. Mas o desconforto na Igreja diante do aval a um projeto político foi evidente. Tanto que, como informa o Estadão, o bispo auxiliar de São Paulo, dom Pedro Stringhini, divulgou uma nota em que pede “perdão aos fiéis que se sentiram ofendidos”. Carvalho alega que o manifesto não reflete a posição da Igreja, mas sim de alguns católicos. Faz sentido, sim, mas o atrito com o bispo mostra que o caminho para Marta está pedregoso, e os atalhos que ela tenta buscar acabam em polêmica.
6. União vai defender coronéis acusados de tortura
Os coronéis da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir dos Santos Maciel, acusados pelo Ministério Público Federal por tortura de presos políticos e a morte de ao menos 64 deles entre 1970 e 1976, serão defendidos pela Advocacia-Geral da União. Os dois comandaram o DOI-Codi, órgão de repressão do Exército. Segundo o MPF, ao assumir a defesa dos acusados, a União também torna-se ré no processo. O Globo lembra que a decisão do governo é uma derrota para o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o secretário nacional dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, que se manifestaram a favor de punição aos torturadores do regime militar.

7. Serra cai em si no caso da greve da polícia
Um editorial do Estadão cristaliza o que já vinha se falando sobre a posição tomada pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), diante da greve dos policiais civis: ele poderia ter evitado o desgaste causado pelo confronto entre os civis e os militares na semana passada. “Tivesse agido a tempo e a hora a partir de uma avaliação objetiva da crise, capaz de separar os seus fatores essenciais dos acessórios, o governo já teria enviado à Assembléia Legislativa um conjunto de propostas aceitáveis para a grande maioria da corporação, como as que acabou de anunciar”, diz o jornal, referindo-se à proposta do tucano de aumentar os vencimentos da categoria em 13,39% até 2010.

8. OAB pede fim de regime rigoroso a presos
A Ordem dos Advogados do Brasil entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), tratamento mais rigoroso aplicado a presos considerados mais perigosos. Nesse regime, ao qual já ficaram sujeitos o traficante Fernandinho Beira-Mar e o líder do PCC, Marcos Camacho, o Marcola, o detento fica em cela individual, tem direito a banho de sol de duas horas por dia e só pode receber visitas semanais de duas pessoas, por duas horas. Para a entidade, o RDD é desumano. O Estadão diz que o secretário paulista de Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, vê com preocupação o questionamento do regime, cujo fim seria “uma vitória do crime organizado”.