segunda-feira, 20 de outubro de 2008

CQC, Hoje 22h na Band e Instrutor da SWAT critica operação policial


Vai ser fácil reconhecer a trupe do CQC.
Afinal de contas, são sete homens vestidos de terno preto, usando inseparáveis óculos escuros. Mas a principal marca do time "Custe o que custar" é a irreverência.
Com humor inteligente, audacioso e muitas vezes ácido, o programa faz um resumo semanal das notícias, e nessa varredura dos fatos importantes, sob o olhar atento do CQC, ninguém escapa. No estúdio, quartelgeneral do CQC, Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque assumem a bancada, e além de conduzir o programa ao vivo terão a missão de comentar livremente os principais assuntos da semana. Não perca!

Instrutor da SWAT critica operação policial
Ouça as gravações da negociação entre policiais e Lindemberg.


As longas negociações entre a polícia e Lindemberg Alves foram gravadas. Elas revelam detalhes impressionantes, como a voz de uma das jovens sendo agredida pelo seqüestrador. Minutos antes de a polícia invadir o apartamento, a tensão chega ao máximo. Lindemberg fala até em suicídio. Por que será que tudo deu errado? A reportagem é de Valmir Salaro. (...)

O Fantástico saiu em busca de respostas e ouviu um brasileiro que dá aulas para um grupo de elite da polícia americana: a SWAT.

Há nove anos, Marcos do Val é instrutor da SWAT em Dallas, nos Estados Unidos. Famosa na televisão e no cinema, a SWAT é um grupo de elite da polícia americana, preparado para enfrentar situações de emergência.

O brasileiro corre o mundo ensinando técnicas de invasão e combate. Marcos já treinou seguranças do Papa no Vaticano e militares que lutaram na guerra do Afeganistão.

A convite do Fantástico, ele assistiu aos principais momentos do cerco em Santo André e avaliou a operação.

Primeiro erro: permitir que a negociação se arrastasse por cinco dias.

“Em uma situação passional como essa, quanto mais tempo leva, mais inconstante a pessoa fica”, ensina.

Marcos explica que a SWAT estabelece o prazo máximo de 24 horas para libertar o refém. Mas nunca foi preciso esperar tanto.

“A negociação mais longa que a SWAT de Dallas fez até hoje durou nove horas. A partir daí é invasão”, ressalta.

Terça-feira, 22h50. Nayara é libertada pela primeira vez. Era um acordo de Lindemberg com a polícia: soltar a jovem em troca da volta da energia elétrica.

“Foi bem feito, porque houve essa troca: me dá a refém, que eu acendo a luz novamente", diz Marcos.

Quarta-feira. Para o instrutor da SWAT, a polícia perdeu uma chance de terminar o seqüestro no momento em que Eloá lança uma corda improvisada e recolhe o almoço. O corpo da jovem ficou inclinado para fora da janela. E Lindemberg apareceu atrás da ex-namorada.

“Essa é uma oportunidade que a SWAT usaria como vantagem”, afirma.

Havia duas possibilidades de ação. A primeira: atiradores de elite poderiam atingir Lindemberg, uma estratégia descartada pela polícia.

“Por se tratar de um jovem, com uma decepção amorosa, a nossa opção era esgotar todas os meios de negociação e tentar cansá-lo”, explicou em uma entrevista o comandante do Gate, coronel Eduardo Félix.

Diz o instrutor que a SWAT aproveitaria uma situação assim para matar o seqüestrador.

“Para eles não importa se é um jovem, o que importa é que tem uma vida em risco e que o rapaz está colocando vidas de terceiros em risco também”, ressalta Marcos.

Segunda tática que a SWAT usaria: a triangulação. Dois policiais estariam de tocaia em escadas posicionadas ao lado da janela, fora do ângulo de visão de Lindemberg. Um terceiro policial ficaria na janela do andar de cima, pronto para descer de rapel. No momento do ataque, um dos policiais na escada agarraria Eloá e tentaria proteger a cabeça dela. O outro daria cobertura enquanto o terceiro viria de cima e daria um tiro no seqüestrador. Tudo isso ao mesmo tempo.

“É o efeito surpresa”.

Quinta-feira: Nayara volta ao apartamento.

“Isso é o maior absurdo dos absurdos. Em nenhum lugar do mundo já existiu uma situação dessas”, critica Marcos.

Em entrevista, o comandante Félix disse que não acha que a volta de Nayara ao apartamento foi um erro na operação policial. Segundo a polícia, Nayara teria se oferecido para ajudar na negociação, com permissão da mãe. Mas ninguém esperava que a jovem entrasse de novo no apartamento.

“Teria que ter um policial com escudo balístico na frente, a Nayara do lado, o policial segurando ela para se aproximar, para falar. Se for o caso, recuar. Mas não deixar ela sozinha, andando, abrindo a porta. O seqüestrador se sentiu poderoso nessa hora, porque teve a refém de volta. Foi um erro gravíssimo e eu sinto vergonha de ser brasileiro e saber que a polícia brasileira fez isso”, admite Marcos.

Sexta-feira: o dia da invasão. Marcos acha que os policiais usaram uma carga excessiva de explosivo, e que não contaram com a possibilidade de haver obstáculos atrás da porta. Isso atrasou a entrada da equipe.

“Deu tempo para o seqüestrador pegar a arma, fazer o disparo para onde ele quisesse”, afirma
Marcos.

Outro erro: não entrar simultaneamente pela frente, janela e fundos, com uso de bombas de luz e som, que deixariam o seqüestrador desnorteado.

“Esse tipo de bomba é para dar aquela sensação de desespero para o seqüestrador. Ele não sabe de onde está vindo a polícia".

O policial que estava posicionado na escada, além de atrasado - a explosão já havia acontecido -, demora muito para subir.

“O que deveria ter sido feito? Esse policial, por exemplo, poderia ter vindo correndo com a escada, pararia na parede de costas, colocaria a escada praticamente como se fosse uma grade para ele, já posicionada, e outro já viria correndo e subindo ao mesmo tempo”, ensina.

As imagens mostram que a polícia teve dificuldade para conter Lindemberg. A SWAT utiliza uma técnica que leva menos de um segundo para imobilizar o agressor.

“Um piscar de olhos e ele já está imobilizado e algemado no chão”, diz Marcos.

Marcos também viu falhas graves no socorro às vítimas. O médico, sozinho, luta para atravessar o tumulto. Os policiais pisam em Lindemberg. O caminho deveria estar livre para a equipe de socorro médica, com macas.

Eloá foi carregada no colo por um policial, um procedimento que Marcos julgou incorreto. E o pior: a cabeça ferida da jovem esbarra no corpo do médico. O jaleco dele fica manchado de sangue. Depois que o médico percebe, volta, então, para socorrê-la.

O desfecho foi trágico.

“Nós usamos todas as técnicas para evitar o que ocorreu”, garante Flávio de Pierre, comandante do GATE.

“Se nós tivéssemos atingindo com um tiro de comprometimento o Lindemberg, fatalmente o senhores estariam hoje questionando o Gate porque não negociaram mais”, declarou o comandante Félix.

“Você pode ter certeza nós estamos aprendendo muito com esse resultado e vai nos servir como experiência de vida”, admite o negociador do seqüestro Adriano Giovanini.
Rapidinhas da Reina
por Juliano Machado

1. É preciso salvar os policiais dos políticos
O cineasta José Padilha e o sociólogo Rodrigo Pimentel, dos filmes Tropa de Elite e Ônibus 174, escreveram um artigo para a Folha (para assinantes) que chega em um momento perfeito: a semana do segundo turno das eleições. Em poucas linhas, a dupla descreve a penúria das forças policiais do Brasil, em todos os sentidos, a afirma que são os políticos os verdadeiros responsáveis por tragédias como a do seqüestro de Santo André. Padilha e Pimentel se esquivam de culpar políticos específicos, mas lembram que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso prometeu um plano nacional de segurança após o caso do Ônibus 174, jamais tornado real. Pior, lembram que, no governo Lula, o ex-secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, criou um plano elogiado por especialistas e policiais. Acabou engavetado. A chegada do segundo turno das eleições é um momento de reflexão e debate, e o artigo de Padilha e Pimentel serve para tornar mais clara a discussão.

2. Marta e Kassab: ataques e dados inflados
O eleitor paulistano que ligou sua televisão para acompanhar o debate entre Gilberto Kassab (DEM) e Marta Suplicy (PT) na noite de ontem não conseguiu saber quem tinha as melhores propostas. Infelizmente, não foi porque ambos tinham idéias brilhantes, mas sim porque preferiram os ataques pessoais. A Folha (para assinantes) destaca a completa falta de idéias, o tom agressivo dos dois e a atuação patética da platéia, repleta de cabos eleitorais. Pior que isso, em uma outra reportagem (para assinantes), o jornal destaca que os candidatos usaram novamente dados distorcidos, também conhecidos como mentiras. Kassab disse que colocou dois professores nas salas de aula. Na verdade, são estudantes de cursos universitários que ganham menos de R$ 500 por mês. Marta, por sua vez, disse ter construído 100 quilômetros de corredores de ônibus. Na verdade, foram 67 quilômetros. É duro ser eleitor no Brasil.

3. Paes e Gabeira também apelam para ataques pessoais
A possibilidade de o eleitor carioca escolher um candidato também ficou complicada com o debate da noite de ontem. Segundo o Globo, Eduardo Paes (PMDB) e Fernando Gabeira (PV) abusaram de ironias e provocações desde o primeiro bloco. O peemedebista acusou Gabeira de não conhecer a cidade e disse que o candidato verde fez um projeto que deixaria de considerar o tráfico de mulheres como crime. Do outro lado, Gabeira lembrou que Paes já passou por cinco partidos, apoiou o atual prefeito César Maia (DEM) e que, no auge do mensalão, chamou o presidente Lula, que hoje o apóia, de “chefe da quadrilha”. Cada vez mais o debate político é dominado pelas aparências dos candidatos e não por suas propostas para a cidade. Fica fácil saber qual o motivo para a situação caótica do Rio de Janeiro.

4. Crise coloca safra 2008/2009 em risco
A manchete do Estadão detalha como a agricultura, um dos principais motores da economia brasileira, está em risco por conta da crise financeira mundial. Sem crédito para adquirir insumos para a plantação, muitos produtores podem ser obrigados a reduzir suas produções, o que acarretaria em um decréscimo das exportações. De acordo com as previsões da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o volume produzido pode ser até 5% menor que o esperado. Além da falta de crédito, a situação deve ser agravada pela queda dos preços dos grãos. Fica cada vez mais claro que, ao contrário do que disse o presidente Lula, a crise não é apenas dos países desenvolvidos.
5. BC pode usar taxa fixa para financiar comércio exterior
Para atacar a falta de crédito, o Banco Central começa hoje a leiloar dólares para abrir nova linha de empréstimos em moeda estrangeira. O BC promete fiscalizar o fluxo do dinheiro para saber se os bancos estão transferindo este crédito para as empresas, o que aliviaria a situação de muitas delas em meio à crise. O interessante é que, como destaca o Valor (para assinantes), o Banco Central já prepara outra cartada caso esta não tenha sucesso: uma linha de crédito com juros fixos e dirigida a instituições que atuam com o comércio exterior. Em um início de semana em que a tensão parece um pouco menor nos mercados, as medidas devem ajudar as empresas brasileiras a evitar danos maiores causados pela crise.
6. Obama recebe apoio de Colin Powell
A cerca de 15 dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o democrata Barack Obama parece ter dado o golpe final em John McCain na disputa. No fim de semana, o senador de Illinois anunciou ter arrecadado um recorde de US$ 150 milhões no mês passado e ainda recebeu apoio do republicano Colin Powell, ex-secretário de Estado de George W. Bush. Na análise do Washington Post, apesar de Powell ter manchado a sua imagem ao defender a a invasão do Iraque, seu apoio deve melhorar a opinião dos eleitores sobre a habilidade de Obama nos assuntos internacionais. O peso simbólico do anúncio – o primeiro de um republicano importante ao candidato democrata – mostra que a vitória de Obama é dada como certa até entre os principais caciques do partido rival.